sexta-feira, 1 de junho de 2007

ELE TEM CUIDADO Parte II

Continuação do dia 27 05 07

Hoje o evangelho se tornou, para um grande número de cristãos, apenas um canal para o sucesso na vida, sucesso medido principalmente pelo poder material.
O evangelho que mais se vê, é o evangelho que absorveu a proposta materialista, a proposta competitiva de sermos, como cristãos, os melhores em tudo, oriunda da filosofia positivista, das teorias de mercado (em que o melhor é o que lidera e mais tem). O lema é estar por cabeça e não por calda. Saia da frente que estou passando. Se você não cuidar, tomo a sua posição, tomo o seu status, o seu tudo, absorvo você – não é assim que acontece no mercado comercial, os grandes engolindo os pequenos? Não é essa a mensagem que muitos pregadores estão pregando no lugar onde se vai para buscar descanso para o ser e onde este tipo de pensamento e atitude deveriam ser desconstruídos, com o objetivo de que as pessoas, após ouvir uma palavra do Evangelho, saíssem mais humanas, solidárias, levando para fora algo diferente da batalha individualista, na qual estão envolvidos diariamente?
Nesta proposta toda, a das posses, Deus virou a grande fonte de benesses a egos inchados, instigados por pregadores que mercantilizam as dádivas divinas com fins lucrativos pessoais. Deus é fonte de benesses, mas não creio que o seja se o que temos e vamos ter não passe pelo descansar na sua palavra, no buscai em primeiro lugar o reino dos céus e a sua justiça e as demais coisas serão acrescentadas (Mateus 6.33), sem a afobação de que o que temos é evidência da nossa fé, é a materialização da nossa fé, e sem necessidade de provar algo a alguém.
Buscar o reino de Deus em primeiro lugar virou mensagem de cristão sem “agressividade”, sem convicção das promessas de Deus; o lema é determinar, exigir os direitos, pôr Deus contra a parede porque “Ele não pode negar a si mesmo”.
Há pessoas ansiosas, querendo demonstrar a sua fé e que são de Deus, através daquilo que possuem. Quantos têm se frustrado quando não alcançam o que planejam materialmente, quando não alcançam o que lhes foi dito que alcançariam se crescem.
Se frustraram porque o que professaram não era fé para a vida eterna, mas para o agora abastado. Se frustraram porque talvez o que viveram, o fizeram na esperança material, e não no evangelho que mira o porvir, mas que também não despreza o agora, porque Ele cuida de nós como cuida das aves. Se frustraram porque creram num evangelho que não reflete a dimensão do que foi feito no calvário: Deus vindo a nós e nos libertando da incapacidade de vermos a nós mesmo, de compreendermos a nós mesmo, quem éramos, quem somos, e para onde vamos e porque existimos. Sem a obra de Jesus na cruz não teríamos como enxergar isto, e então, agora dependemos dEle, passamos por Ele para ter o que precisamos, só porque Ele tem cuidado de nós.
Se frustraram porque creram num triunfalismo pregado na aplicação descontextualizada do verso de Paulo: Tudo posso naquele que me fortalece. O contexto em que Paulo usa estas palavras é de saber estar em abundância e saber estar em carência, de saber estar pra baixo e saber estar com todo o ânimo, de saber padecer e saber triunfar. Não é contexto de invencibilidade; não é contexto de sai da frente capeta, porque sou filho do Rei. Os filhos do rei foram chamados a sofrer também, assim como Ele sofreu, a ter e não ter, assim com Ele teve e não teve, porque o amam, porque sabem que Ele lhes devolveu a vida e à vida, porque sabem que Ele se importou e se importa com eles de tal forma que os quer ao seu lado para todo o sempre, porque foram criados à sua imagem e semelhança, são a coroa da criação, são a expressão dEle no pensar, agir, ter história, sonhar, amar, projetar, viver, no livre arbítrio.

Os bens matérias são conseqüência e não fins para o cristão que busca viver segundo o exemplo de Jesus e dos seus discípulos.

Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?

Ainda no texto abaixo

1 Timóteo 6.10-12
10 Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.
11 Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
12 Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas.

O apóstolo fala que alguns na cobiça pelo dinheiro se desviaram da fé. A cobiça ao dinheiro se manifesta de várias formas e uma delas é pela ênfase e insistência à sua aquisição, que cria à mente dos influenciados uma névoa que os despista da compaixão de Cristo, os torna aguerridos, indiferentes, presunçosos, quase tudo aquilo que Jesus não desejou para aqueles que se chamam pelo seu nome.

No céu, eu só tenho a ti. E, se tenho a ti, que mais poderia querer na terra? Salmo 73:25

Vamos pensar nisto!

José Martins

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