quarta-feira, 6 de junho de 2007

ELE TEM CUIDADO Parte IV

Continuação de 04 06 07

É difícil algum líder dizer: eu sou adepto da doutrina da prosperidade. O que o classifica como simpatizante, adepto ou usuário de pontas da doutrina são os seus discursos e principalmente as suas práticas, as quais servem de parâmetro para determinar até que ponto está aderindo ao que a doutrina da prosperidade propõe, e entre estas práticas estão as tolerâncias a pregadores que vem à igreja local enfatizando ações e práticas advindas desta teologia, como por exemplo:

1- o que determina a prosperidade é somente o dar (dar o dízimo, por exemplo); será próspero aquele que dá mesmo que não pratique justiça na sua vida (este é o segredo da prosperidade dizem eles, baseando-se em Malaquias 03); a prosperidade material não está na vida reta, oração, no ser espiritual juntamente com o dar, mas unicamente no dar. Este tipo de ensino tende a criar crentes descomprometidos com a verdade e com a espiritualidade, tende a criar crentes materialistas, e diminutos em compaixão pelos que menos tem.

2- Você tem que determinar e declarar para que as coisas aconteçam. Este tipo de afirmação é oriundo da confissão positivista existente na doutrina da prosperidade que defende que as nossas palavras se materializam, assim como o haja de Deus se materializou quando da criação do mundo. (Aliás, nessa materialização das nossas palavras entram argumentos envolvendo a física quântica, da qual os crentes, em meu ponto de vista, passarão a ouvir cada vez mais, que servirá de argumento para tentar convencê-los de que podem ter o que quiserem – ESTE ASSUNTO DA FÍSICA QUÂNTICA SERÁ DISCUTIDO EM TEXTOS VINDOUROS).

3- Condicionamento da benção a ofertas em cultos específicos para benção. Traga o seu pedido de oração e proponha dar 50, 20 ou 10 reais(usando cifras baixas) e Deus vai dar a benção. São pregadores que penetram à mente de Deus com uma facilidade espantosa para ver a quem Deus vai abençoar.

A nossa vida não deve ser medida pelas posses que temos, o mundo é que procede desta maneira. A igreja tem de ter uma mensagem diferente para os que nela adentram, mensagem que produza e dê algo diferente do que encontramos lá fora no dia-a-dia, na adversidade da vida, mensagem que nos faça sair mais humanos e esperançosos de que pela misericórdia, pelo amor, pela paz, pela vida em comunhão com Deus, deixando o pecado, tudo que ele tem posto dentro de nós, poderemos fazer a diferença em algum aspecto, em alguma vida.
Nunca foi tão necessário estarmos atentos, vigilantes e firmados naquilo que o evangelho realmente nos propõe, que é dependermos Dele, nEle estarmos e para Ele vivermos, porque ele tem cuidado de nós. Crentes amadurecidos sob as condições da mensagem da cruz discernem e ficam dentro do que lhes foi revelado através das Escrituras e tomam o que Paulo disse aos coríntios seriamente: ... para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito... (1 co 4.6).
Também, David Wilkerson, fundador do Desafio Jovem (centro de recuperação de jovens drogados) no qual todos os outros centros existentes no mundo se inspiraram, em um de seus ensinos na igreja Times Square em Nova Iorque, falando sobre este outro evangelho, o da prosperidade, diz:

A marca do crente maduro é a recusa em ser “levado ao redor por todo vento de doutrina” (Efésios 4:14). Tais crentes não são manipulados por nenhum mestre. Não têm necessidade de correr de um lado para o outro porque estão crescendo em Cristo. Estão se banqueteando em pastos verdejantes. Circuncidaram os ouvidos, e avaliam cada mestre, cada doutrina, segundo o padrão de santidade de Cristo. Podem discernir todas as falsas doutrinas e repelem todos os ensinos estranhos, novos. Eles aprenderam Cristo. Não ficam presos à música, aos amigos, às personalidades marcantes ou aos milagres, mas à fome pela Palavra pura [...] O maior engodo da igreja moderna é a questão de usar a Palavra de Deus para dar um rótulo de aprovação à ganância. http://www.tscpulpitseries.org/portuguese/ts880118.htm

Incentivo a posses, a ter, e ter em detrimento do ser, pode criar e acumular avarentos dentro da igreja, não avarentos no sentido de reter e não contribuir, mas no sentido de ter como objetivo maior em suas vidas o palpável, o tangível. Quanto a isto, Jesus recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui (Lucas 12.15).
Se ele tem cuidado de nós, isso nos é suficiente. O evangelho é suficiente na nossa vida para dar conta do que precisamos, não há necessidade de truques, segredos, revelações especiais; é tudo muito simples, são as boas novos que Cristo trouxe, nada de misterioso, nada que qualquer um não possa entender, é tudo muito raso, muito nítido.
É o que o apóstolo João em sua 1ª carta, capítulo 5 e versículo 14 ensina: E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.
Note que as expressões esta é a confiança / que temos aparecem em um tempo verbal, presente do indicativo, que denota factualidade (certeza, realidade, algo que acontece), mostrando que realmente Ele cuida de nós. Entretanto, o cuidar é segundo o querer dEle e não o nosso, o que se pode depreender da segunda parte do versículo, que observa uma condição no cuidar Deus, que é a vontade de Deus, que se manifestará de acordo com a natureza do nosso pedido – o nosso pedido tem de estar dentro da condição de Deus.
Que nós temos de confiar nEle, isso é indiscutível (sem fé ninguém pode agradar a Deus Hb 11.6 *).
Que Ele cuida de nós é verdade posta por Jesus e o contrário seria dizer que o evangelho é uma mentira, uma farsa.
Que Ele sabe o que é melhor para nós é algo que temos de aceitar.
Isso é fé. É crer na mão invisível de Deus nos conduzindo. É descansar nEle, e não correria atrás de benesses a qualquer custo.

* Este verso, antes de se referir a possibilidade de qualquer sinal (cura, dons, prosperidade), se refere ao crer que Deus existe, que ele é real, e em segundo lugar, tão somente em segundo lugar, Ele é galardoador – porque é da natureza de Deus abençoar. Portanto a verdadeira fé parte da convicção de que Ele é real; os resultados (os galardões) são conseqüência disto. O segundo aspecto, segundo a Bíblia, não precede o primeiro; quem o coloca como precedendo está tentando conformar a Palavra de Deus a teorias humanas, a interesse próprio, a visão daqueles que caminham pelo que vêem.

Vamos pensar nisto!

José Martins

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