sábado, 31 de janeiro de 2009

A Morte (uma reflexão)


A morte frustra expectativas, sonhos, amores, amizades, alegrias. São sorrisos, vozes, jeitos, maneiras de viver, expressões que não veremos mais, porque as pessoas donas disso tudo se foram.

Fica a lembrança e a frustração de que perdemos algo.
A morte frustra, porque quem na realidade quer morrer? (Há os desiludidos da vida que gostariam de não ter nascido).

Entendo que nascemos para viver. Esse sentimento de vida, de querer viver, se expressa em nós plenamente quando somos crianças. As crianças não conhecem o que é morte. Se pararmos e olharmos a simplicidade delas, veremos que para elas a vida é eterna; quando crescem é que se deparam com este sentimento real, frustrante, que machuca, que dói, de que a vida acaba.

Por que este sentimento de frustração? Porque Deus nos criou para a vida, para a expansão, para o perene desabrochar, conhecer, empreender, realizar.
Na criação não encontramos outro ser vivo tão empreendedor quanto nós, que reflita sobre o passado, viva o presente e projete o futuro. Somos os únicos a ter história e transmiti-la de geração a geração, a agregar conhecimento e com ele resolver problemas.

Se moríamos ou não quando estávamos no paraíso, não importa (isso seria uma discussão que iria longe, com muitos dizendo que sim e muitos dizendo que não). O que importa é que no paraíso o ser humano vivia perto de Deus e não conhecia contradição a ele. Daí, o viver ou o morrer não era a questão, pois sempre estaríamos nele vivos ou não, o morrer seria como ser absorvido por ele.

A morte causa frustração, porque estamos plenos de consciência de que rompemos o estreito laço que tínhamos com Deus e, como consequência, os nossos anos de vida foram diminuindo.

Num passado longínquo, conforme a narrativa bíblica, viva-se novecentos, oitocentos, setecentos anos e isso foi diminuindo; hoje chegar a oitenta anos é uma grande vitória.
Mas se buscarmos nAquele que é a vida o conforto para as nossas indagações quanto ao porquê de não ficarmos aqui para sempre, junto das pessoas e coisas que amamos, vamos entender que morrer não é o fim, está muito mais para começo.

Jesus veio da eternidade para nos dar esperança, nos dizer que há continuidade e nos mostrar o caminho. E o caminho é Ele mesmo. Eu sou o caminho, a verdade e a vida [..] (João 14:16); Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida (João 8:12), disse Ele.

Se antes não tínhamos direção; vivíamos como que no escuro, sem enxergar à frente, agora, com ele, temos visão para saber para onde estamos indo, e com a certeza de que a vida não acaba aqui. Jesus é o alento para o vazio que a perda traz.

Nele a nossa alma se une ao que é eterno, nele experienciamos a vitória sobre nós mesmos e as nossas dúvidas. Nele a esperança cria asas e imaginamos como é lá, como estão os que perdemos aqui. Nele antecipamos o porvir em constante oração.

Então, se olharmos a morte pela perspectiva de tudo o que Jesus ensinou, a sua força de frustração (a da morte) abre espaço à força da esperança, pois será através dela que o veremos face a face, que nos reuniremos com os que já foram e que amamos, que nos despiremos da fraqueza deste corpo e nos revestiremos do melhor que Deus tem para nós, como disse Paulo: “de incorruptibilidade”. Isto significa que nada será de menos valor lá, nada será passageiro, perecível, mas tudo será de pleno valor e integral.

Não, a morte não pode nos parar, porque fomos criados para viver. Assim como ela vai chegar, para alguns muito cedo, para outros depois de muitos anos, também o que ela descortinará será tão real, e ela significará apenas um lapso de tempo de transição para a vida.

Eu vim para que vocês tenham vida e vida com abundância (João 10:10), disse Jesus. É isso, a vida prevalecerá para os que creem na Vida que é Jesus. Sem mim vocês não podem fazer nada (João 15:5), disse Ele.


José Martins

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