segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Conflito Israel-Palestina

Respeito aqueles que perderam as suas vidas e os parentes das vítimas no conflito Israel-Palestina, pois toda guerra é injusta com a vida. Com esse respeito em mente, faço algumas considerações.
A resolução 1860 (de 08 de janeiro de 2009) das Nações Unidas, que pode ser lida em inglês e espanhol no site da organização http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=S/RES/1860%20(2009), não tem muito de substancial que possa parar os conflitos entre Israel e Palestina neste momento.
Não se lê na resolução algo veemente sobre o Hamas e seus incessantes ataques com foguetes Kassam e Katiucha a Israel, isso há mais de 8 anos.
Os argumentos de Erud Olmert, de que a resolução beneficia o Hamas, não podem ser de todo desconsiderados, visto que de Israel, a resolução pede a retirada imediata de Gaza, a abertura das fronteiras e mais, e do outro lado, muito pouco, como: “[O Conselho de Seguridade] 5. Condena todos os atos de violência e as hostilidades dirigidas contra civis e todos os atos de terrorismo”. Ainda, pede esforços dos Estados Membros para impedir a entrada ilegal de armas, mas não responsabiliza mais claramente o Hamas por isso.
A questão é: como abrir as fronterias com a possibilidade de homens-bombas e mulheres-bombas se explodirem em Israel?
O tal fechamento de fronteiras é bastante criticado na mídia, porém, entendo, foi conseqüência da política de aniquilamento a Israel, implantada pelo Hamas. Em 2005, Israel deixou a faixa de Gaza completamente, como pleiteavam os palestinos, abriu as fronteiras, ao menos parcialmente, visto que muitos palestinos trabalham em Israel, há parlamentares árabes no Knesset (parlamento Israelense). Será que os árabes permitiriam isso em seus países. Na Arábia Súdita judeu algum põe o pé, o governo não permite.
Bom, com a retirada da faixa de Gaza e abertura da fronteira, em 2005, esperava-se que as coisas mudassem, contudo homens-bombas continuaram os ataques e, segundo o governo israelense, de agosto de 2005 até dezembro de 2008, 3.484 foguetes foram lançados contra Israel. O Hamas poderia ter evitado essa situação de quase 900 mortos, mas isso não parece fazer muita diferença ao grupo.
Acho que não será fácil estabelecer paz duradoura na região, muito mais com o que o Hamas propõe em seu estatuto de fundação: versão em português (http://www.fierj.org.br/artigos/estatuto%20do%20hamas.htm), versão em inglês, (http://www.mideastweb.org/hamas.htm), versão em árabe (para quem entende, o que não é o meu caso) (http://www.mideastweb.org/hamas.htm).
Cessar-fogo duradouro não é de interesse ao Hamas ainda que morram muito, muito mais palestinos. Para o grupo isso será até vantajoso internacionalmente e, ademais, os que morrem pela causa do Islã, segundo creem, estão agradando a Alá. O que importa é a extinção de Israel.
Agora, por que se demanda principalmente de Israel a ação de cessar-fogo? Não somente por ser o mais forte exército da região, mas principalmente, por ser o país mais democrático da região, e com quem melhor se tem chances de diálogo, de sensibilidade, daí o fato de Israel estar sempre cedendo. Digo isto, porque Israel não induz os seus jovens a virar humanos-bombas, nem treina crianças de 10 anos a lutar, a odiar com ódio mortal os seus vizinhos.
De Israel se cobra mais, pois tem-se a percepção que é mais razoável do que o outro lado, não usa a tática do terror deliberado, planejado como arma, ainda que bombardeios por conseqüência aterrorizam as pessoas.
Os palestinos querendo paz, deveriam parar de ensinar nas escolas, as controladas pela Autoridade Palestina, que Israel não existe no mapa, que é meramente uma ocupação que um dia vai deixar de existir, como denunciado por Itamar Marcos e pela senadora americana Hillary Clinton no site Palestinian Media Watch. (http://www.pmw.org.il/getresults/political/index.html#i214759)
Deveriam encarar que o Hamas é um grupo terrorista porque visa à extinção de uma nação, reconhecida pela comunidade internacional através das Nações Unidas.
O não-reconhecimento dos palestinos (ou de suas autoridades) das atividades terroristas do Hamas ficou bem evidente em entrevista concedida pelo enviado palestino às NU, Ryad Mansour, ao jornalista Geraldo da Fox News, no programa Geraldo at Large, no dia 06-01-09, como se pode ler abaixo (minha tradução):

Geraldo: O senhor condenará [nas Nações Unidas] os ataque com foguetes do Hamas?
Mansour: Nós condenamos a agressão de Israel ao nosso povo.
Geraldo: O senhor condena Israel. O senhor vai condenar o Hamas ...
Mansour: A posição do presidente Abbas é bem conhecida ...
Geraldo: Eu quero ouvir o senhor dizer ...
Mansour: Eu condeno matar e ferir mais de 3.000 palestinos na Faixa de Gaza na semana passada.
Geraldo: O Senhor condena os ataques do Hamas com foguetes?
Mansour: Eu condeno a agressão ...
Geraldo: Eu condeno a agressão a civis ...
Mansour: Eu condeno as mortes de civis dos dois lados ... não justifica as mortes dos dois lados.
Geraldo: Os que lançam aqueles foguetes [sobre Israel] são terroristas?
Mansour: O terror... a situação de terror conduzida por Israel contra o nosso povo ...
Geraldo: O senhor não respondeu. O senhor condena como terroristas aqueles que estão lançando aqueles foguetes sobre Israel?
Mansour: Somos contras os foguetes, mas... não são terroristas.
Geraldo: Eles não são terroristas?
Mansour: Não.
...
Geraldo: Dizer que uma pessoa que mata civis não é terrorista...
Mansour: A pessoa que mata civis ...
Geraldo: Mas por que só Israel é terrorista?
...
Geraldo: Embaixador, se alguém lança foguete sobre um bairro de civis sem saber onde aquilo vai cair, quem vai ser atingido, se acaba atingindo uma criança, você sabe que vai gerar raiva, você sabe que vão reagir ...


Também, nesta história toda há o lado de o povo palestino ter pago para ver o que aconteceria ao elegerem o Hamas, pois entendiam que o Fatah era muito flexível. Foi uma decisão errada, a meu ver. O Fatah começou mais ou menos como o Hamas. Yasser Arafat também tinha, a princípio, o voto de destruir, aniquilar Israel e mudou com o passar do tempo, buscando algo mais conciliatório, apesar de os votos permanecerem nos escritos da fundação do Fatah. Não sei se com o Hamas vai acontecer flexibilização.
A decisão dos palestinos foi errada, pois dividiu os palestinos ainda mais. Em 2007 quase mil pessoas perderam a vida em confrontos entre o Hamas e o Fatah. A decisão de eleger o Hamas acabou trazendo aos palestinos o prêmio do escudo humano, o que é triste, horrível; quanto mais entrincheirado no meio do povo o Hamas estiver, melhor para ele, a opinião pública estará ao seu lado, nas condenações às mortes de civis com os ataques de Israel.
Israel se encontra numa situação difícil, visto que se parar agora, os foguetes continuarão a cair em suas casas e com mais intensidade; se continuar, a pressão internacional vai se enrobustecer e a antipatia, que já existe há muito tempo, tenderá a crescer. Resta-nos orar e esperar por dias melhores entre os dois povos e que vidas sejam salvas. As promessas bíblicas a Israel é de que um dia vai viver em paz com os seus vizinhos e os seus vizinhos com Israel e todos serão uma benção.

José C. Martins

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