sábado, 20 de junho de 2009


Jesus não escolheu outro caminho

Certa vez, Jesus estava no Sul da Judeia e tinha de retornar a Galileia, a Cafarnaum.
Normalmente os judeus que partiam de Jerusalém rumo ao Norte tomavam o caminho do mar (a Via Maris) ou o caminho do Jordão.

Para chegar à Galileia pelo caminho do Jordão, o viajante teria que descer o Monte das Oliveiras, atravessar o Jordão, chegar a Betânia, seguir pela margem Leste do rio, rumo ao Norte, cortar as regiões da Pereia e Decápoli, margear o Mar da Galileia, e, então, cruzar para o lado Oeste e entrar na Galiléia por Cafarnaum.

Pelo caminho do mar, o viajante descia de Jerusalém rumo a Lida, rumo a Jope e chegava a Cesaréia; dali costeava o Monte Carmelo e, então, chegava à Galileia.

O terceiro caminho

Jesus não fez isso. Ele tomou um outro caminho, chamado de o caminho do meio. Um caminho bem mais curto para se chegar ao rumo pretendido.
O caminho do meio era evitado pelos Judeus, pois atravessava Samaria e os Judeus não se davam com os samaritanos ao ponto de preferirem rotas mais distantes e cansativas. Caminhariam mais, se fosse preciso, para não encontrarem samaritanos pela frente.

Quando Jesus quis ir a Galileia, ele optou pelo caminho do meio, a opção que qualquer judeu pensaria duas vezes em fazer.

Jesus não evitou o desconforto de se encontrar com os samaritanos, porque nele não havia preconceito. Para ele não havia alguém evitável, alguém inferior. Para ele o desentendido deveria ser entendido. Para ele não havia rodeios, desvios, dissimilações. Se havia um ponto, que se fosse ao ponto.

Ele tomou o caminho do meio, porque é no centro em que ele está.
Está no centro para agregar, para unir, desfazer mal-entendidos, quebrar barreiras, salvar.

Se tomasse o caminho do mar ou o do Jordão somente iria reproduzir e validar o que religiosamente estava estabelecido, que os samaritanos eram nada, fruto de miscigenação, impuros. Se assim o fizesse, Jesus seria apenas mais um judeu religioso.
Jesus escolheu o caminho do meio, porque seria no caminho do meio que ele mostraria, como tantas vezes mostrou, a essência do evangelho: a reconciliação de Deus com os homens, dos homens com Deus, o livramento das culpas, da vergonha, a novidade de vida, tanto para o agora como para o porvir.

Foi pelo caminho do meio que ele chegou a Sicar, onde estava o poço de Jacó.
Toda a verdade da sua vida viva se manifestou ao tomar o caminho do meio: o rompimento do que não era vida e que se mostrava como se fosse e se estabeleceu como se fosse, situação que estava representada na vida da mulher que ele encontraria.

Uma mulher samaritana de vida duvidosa, questionada pela sociedade, de vida frustrada e de vários desencontros amorosos e familiares, cujos olhares alheios, de forma inquisitiva, lhe assombravam, conhecedora de assuntos religiosos (é o que revela a conversa com Jesus - capítulo 4 de São João) teve sua vida restabelecida pelo poder da verdade de Jesus, o que anda pelo centro.

Feliz foi aquela mulher, foi aquela região, foi aquele dia, em que passos foram dados a menos, distâncias foram encurtadas, a fim de alongar a esperança, a paz, a força para a vida. A região onde a samaritana morava foi mudada com o ato de Jesus, com o que ele disse a ela, e com a atitude dela frente ao que experiênciou.

O que fica dessa história do caminho do meio?
Que ele venha e nos encontre; que com a sua verdade que não se desvia, nos faça descobrir quem somos e nos cure, nos alivie daquilo que sozinhos não somos capazes de nos desvencilhar. Nos faça entender que as barreiras, que aos nossos olhos nos distanciam de tudo, de todos e dele, para ele não são nada.
Nos encontre Jesus!!



José Martins

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