sábado, 21 de março de 2009

Por onde deve começar a Evangelização?

Texto trazido do site de Robson Ramos, com quem eu tenho o prazer de trabalhar.
http://www.mateus21.com.br/blog/


Se há um tema sobre o qual gosto de falar e aceito sem pestanejar, quando sou convidado, é “evangelismo pessoal”. Afinal, foram muitas cabeçadas e já são quase 30 anos de estrada, portos e aeroportos. Dias e noites, sob forte calor ou em temperaturas negativas. Longas conversas em situações das mais diversas, em ambientes agradáveis com ar condicionado, centros acadêmicos, rodoviárias, vôos intermináveis. Ainda me lembro de muitas faces e sotaques, dos mais diversos.
Uma das faces, das quais me lembro, é a de um estudante de pós-graduação da Nigéria, numa conversa que tivemos enquanto tomávamos café no Centro Acadêmico na Universidade de Wisconsin, EUA. Oriundo de um contexto tribal na Nigéria, ele tinha dificuldade para aceitar a divindade de Cristo. Lembro-me também de outro estudante, doutorando em Filosofia. Navin era o nome dele. Morávamos no mesmo alojamento de estudantes. Nossas conversas aconteciam na escada, no meio da noite e às vezes sob frio intenso, no lado de fora, onde ele podia fumar. Ex-ator na Índia, seu país de origem, ele dizia que era um “hindu-existencialista”.

Nos workshops sobre este assunto em igrejas e conferencias constato que os participantes, invariavelmente, apresentam a mesma e preocupante dificuldade: não saber responder com clareza uma pergunta: o que é o Evangelho?

As respostas invariavelmente apontam para uma salada de fruta de clichês religiosos sem uma amarração conceitual que faça sentido. E no final tudo se resume a um ralo caldo religioso diluído, sem substância. Ninguém sabe a mínima sobre e, muito menos elaborar, uma argumentação que dê o devido realce à “singularidade” de Cristo e de uma visão de mundo com pressupostos fundamentados nas Escrituras. Aliás, é trágico considerar o fato de que as pessoas nas igrejas não fazem a mínima idéia do que vem a ser isso, a “singularidade de Cristo”. Mas sobre as bandas Gospel da hora estão absolutamente antenados. Sabem de tudo.

Numa sociedade em que há tantas formulas, receitas e propostas, que diferença Jesus Cristo faz?

Ora, se a realidade é essa, em que jovens e adultos nas igrejas não conseguem responder adequadamente a essa pergunta, que tipo de “evangelismo” eles podem fazer?

Não seria o caso de começarmos a evangelizar quem está na igreja?

Sem se dar conta, muitos cristãos, evangélicos, gospels ou não, no fundo no fundo acabam pensando como Ghandi, para quem, conforme palavras atribuídas a ele “Cristo era merecedor, sim, de um trono, mas não de um trono solitário.”

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